sábado, 18 de outubro de 2014

Warst du schon mal in Bahia? - Parte 3

O séjour alemão botou o pequeno vilarejo na mídia. Logo na largada, uma foto do time na balsa foi capa da Folha de S.Paulo. Imagens cotidianas da vila ganharam o mundo. Mais de 200 jornalistas alemães estiveram em Santo André, o que representa um quarto dos moradores. Um centro de mídia foi montado para coletivas de imprensa. Antenas de celular e rádio foram instaladas pela DFB.

Junto com os jogadores, aportou um time de policiais. A vila, com índices de criminalidade quase inexistentes, não tem posto policial. E boa parte dos moradores parece preferir a vida assim. Reclamaram sobretudo da velocidade com que as viaturas passavam pelas ruas – estreitas, sem calçadas e cheias de crianças. Uma associação local pintou e distribuiu placas indicando velocidade máxima de 20 quilômetros por hora.

http://www1.folha.uol.com.br/esporte/folhanacopa/2014/06/1466993-alemanha-e-recebida-com-sol-e-samba-reggae-no-litoral-da-bahia.shtml
A foto da chegada

A rua em frente ao Campo Bahia virou território da Fifa, vigiado por policiais que impediam a passagem dos sem-crachá. Nos primeiros dias, alguns pais não conseguiram buscar as crianças na escolinha, situada dentro da área cercada. Com o transcorrer da Copa, o ímpeto dos guardas foi arrefecendo e entrou em vigor a manjada lógica do jeitinho e do privilégio. A rua continuou cercada, mas caucasianos e amigos tinham mais chance de transitar.

Como Santo André é constituída basicamente por uma rua longitudinal e várias transversais, quem era barrado precisava dar a volta e caminhar pela estrada de asfalto e sem acostamento, que segue rumo ao norte. Numa tarde de junho, o carro da Sorveteria Sabor Capixaba foi forçado a se desviar de seu trajeto habitual. O sorveteiro vai à vila toda terça-feira, vende quatro bolas a 1 real. O desvio o fez perder clientes fiéis e obrigou Maicon e Marlon, habitantes do perímetro cercado, a correr para o asfalto atrás de sorvete.

Mas os garotos não tiveram só infortúnios. Como moram em frente à entrada do resort, vira e mexe acabavam topando com os atletas e abiscoitaram camisas de treino autografadas, tênis e bonés. Maicon vendeu uma camisa por 50 reais e teve outra roubada. Ainda conserva uma terceira, “com autógrafo de todos os jogadores”, que não vende “nem por mil reais”, segundo informou a um possível comprador num Vectra cinza.

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